Após ter escrito o post anterior (aqui) vi-me desafiada
a sintetizar as principais aprendizagens deste último ano. É isso que faz
sentido, não é?! Observar, analisar, compreender, aprender! Depois de o ter
feito senti uma vontade enorme em partilhá-las convosco e é o que vou fazer! As
7 principais coisas que aprendi nesta mudança da minha vida.
1 –
Aprendi que o tempo não se prende
Uma das questões principais na minha vontade
de mudar de vida foi o tempo… o ter tempo para fazer o que queria, para estar
com quem queria, para tirar da gaveta os sonhos e começar a concretizá-los. Mas
rapidamente tive consciência de que quando temos muito tempo acabamos por
esquecer que ele mantém o seu ritmo e segue sempre firme e constante alheio a
tudo e a todos… e às tantas percebemos que ele nos continua a fugir mãos como
água que nos escorre por entre os dedos. Acredito que este foi e, em algumas
circunstâncias ainda é, o maior desafio de estar em casa e trabalhar a partir
de casa. A minha, a nossa limitação não é falta de tempo, a verdadeira
limitação é ausência de foco e disciplina. A gestão do tempo não se faz por si
só, faz-se descobrindo o que é realmente importante para nós, estabelecendo
prioridades e planeando cada tarefa, atividade, ao pormenor. Sim, aprendi que
planear faz toda a diferença. (claro que
já conhecia o ”conceito” e sempre fui uma mulher de planos e agendas… mas fazer
isto para o nosso dia a dia, para a nossa vida pessoal… tornou-se algo novo
para mim). Rapidamente compreendi que isso me permite compreender a linguagem
do tempo e usá-la a meu favor, por mais simples e comum que seja a tarefa ou
atividade a fazer! Portanto aprendi que, ao contrário do que achava, a minha
agenda é hoje mais importante do que no tempo em que trabalhava 12h a 14h por
dia!
2 – Aprendi
que um plano só é eficiente se aplicado com disciplina
Podemos ter o melhor plano do mundo, a agenda
organizada em detalhe, a melhor estratégia… mas tudo isto só funciona se for
colocado em prática. Quando se muda de vida queremos fazer tudo acontecer de um
dia para o outro, mas aos poucos fui percebendo que quanto mais ansiava avançar
mas estagnava. Gerir as horas do meu dia era fundamental mas essa gestão só
resulta com disciplina. Como costumo dizer a paisagem é demasiado encantadora e
se a disciplina estiver distraída facilmente chegamos ao fim de um dia sem
fazer nada do que tínhamos planeado… e com um sentimento de frustração que nos
desmotiva e aos poucos nos faz acreditar que não somos capazes. Aos poucos
descobri que o segredo não é fazer tudo de uma vez, o segredo é fazer um bocadinho
todos os dias, de forma simples e consistente. O segredo é sermos fiéis ao que
queremos e, ainda que com flexibilidade, ter a disciplina como melhor aliado! Sempre
fui disciplinada, cumpridora de prazos e excelente gestora de tarefas mas
agora, e porque tenho “muito tempo”,
descobri que tenho de ser ainda mais disciplinada do que em qualquer outra fase
da minha vida.
3 –
Aprendi que somos a nossa fonte de motivação
Ter alguém a quem prestar contas ou alguém
que trabalhe ao nosso lado facilita esta coisa da motivação, pois mesmo quando
as reservas que temos dela se quebram sabemos que temos aquém prestar contas e
quanto mais não seja isso é suficiente para seguirmos o plano e terminarmos a
tarefa. Trabalhar sozinho, sem ninguém a quem prestar contas coloca nas nossas
mãos um nível de liberdade e autonomia tão grandes que é muito fácil “deixar a coisa ir”. E claro está que há
sempre alguém ao nosso lado, e mesmo que estejam lá a apoiar, mais do que nunca
senti que a motivação tem de ser minha, o acreditar, o querer (mas querer mesmo) tem de ser meu. Isto
sim é motivação. Agora só presto contas a mim mesma e percebo melhor do que
nunca que podem haver incentivos externos mas a verdadeira motivação é única e
exclusivamente aquela que vem de dentro, aquela que condiciona os meus
pensamentos fazendo-me acreditar que este é o caminho certo, que sou capaz. Aquela
que me faz acordar de manhã e sorrir… mesmo que esteja a chover!!!
4 - Aprendi
que a comparação “rouba-nos” a
alegria da Vida
Já lá vão alguns anos desde que compreendi
que esta questão da comparação nos condiciona e limita mais do que nos liberta
e faz avançar. A comparação não é saudável. Nos últimos três anos, esta certeza
ainda se tornou mais presente em mim, mas foi ao longo deste último ano que
mais evidencias concretas tive de que esta é uma verdade incontornável! Comparar-me
comigo mesma é a única comparação permitida e saudável. Competir e comparar os meus
próprios resultados são a única forma de melhorar, de avançar, de criar o
próprio caminho. A comparação e a competição com os outros “rouba-nos” a alegria das pequenas
conquistas, dos alicerces do futuro. Limita a nossa capacidade de criar, de ser
autênticos e com isso sermos únicos. Com os outros e nos outros podemos e
devemos encontrar e partilhar inspiração, podemos e devemos encontrar formas de
cooperação. Cada um é único e irrepetível, cada um tem capacidades, dons,
qualidades que diferem do outro. Ninguém é melhor, ninguém é pior, somos todos
iguais na diferença que torna cada um único! Comparar-me com alguém é redutor.
No início de todo este processo senti-me muitas vezes tentada a fazê-lo, numa e
noutra situação fi-lo, mas logo percebi que perdi mais do que ganhei. Quando
nos comparamos ou competimos fazemo-lo com o que achamos ser a realidade do
outro… e a verdade é que não sabemos qual é a realidade do outro… comparamo-nos
com ideias pré concebidas, com imagens criadas e trabalhadas. Com isto
condicionamos o nosso próprio caminho podendo chegar a um de dois extremos (ambos castradores do nosso “eu”)
acharmos que somos os melhores do mundo ou acharmos que somos os piores do
mundo. Aprendi que para criar um caminho posso e devo inspirar-me nos que
também fizeram essa escolha… mas que o caminho é MEU, só MEU… e quanto mais
fiel for há minha essência e autenticidade maior é o impacto do que sou capaz
de criar, pois será tão único e especial como eu! Aprendi que partilhar ideias,
conhecimentos, estar de braços abertos aos outros e à vida me traz novas
perspetivas, me desperta para novos horizontes e potencia as minhas próprias
qualidades.
5 –
Aprendi que a confiança é o alicerce da mudança
Não há vidas perfeitas. Os imprevistos, as contrariedades,
os desafios constantes, os tropeços, os erros de distração… enfim, tudo isto
faz parte da vida e não desaparece porque fizemos uma escolha. Da minha
experiencia digo mesmo que até podem começar a surgir com mais frequência, pois
afinal, estamos a trilhar um caminho novo, desconhecido! Chamem-me “inocente”, “crente” ou o que vos apetecer… mas confesso que nos primeiros
tempos desta nova vida este foi um desafio permanente. Perceber que apesar da
minha escolha a vida continua com tudo o que a caracteriza e que no meu caso
não foi mais fácil! Até que a determinada altura percebi que tudo se baseava na
confiança que eu estava a depositar em mim mesma, nos outros, no universo, na
vida. Percebi que devia respirar mais e mais, deixar fluir e acreditar. Confiar
naquela voz simples e meiga que me segreda para seguir em frente. Percebi que à
medida que ia escutando essa voz, alimentando os meus sonhos e acreditando no
futuro tudo ia ganhando nova forma, tudo se ia reorganizando e que aos poucos o
sonho tornava-se uma possibilidade real. Percebi que não interessa o que dizem,
não interessa o que se passa à nossa volta, o que interessa e faz a diferença é
a confiança com que avançamos e acreditamos em cada possibilidade que sonhamos.
Percebi que a confiança é o pilar da mudança
e que quanto maior ela for mais fácil é a capacidade de nos adaptarmos, de
reagirmos, de encontrarmos as soluções para cada um dos desafios!
6 –
Aprendi que encarar a vida como um processo me dá graus de liberdade
É um processo contínuo em que o resultado
final só se conhece no dia em que jogarmos a última carta, no dia em que depois
de fecharmos os olhos nos deixarmos levar pelo último suspiro! Até lá é preciso
melhorar todos os dias, crescer, acreditar, ultrapassar desafios, fazer em cada
dia o melhor que se sabe naquele momento e chegar ao fim de cada dia com uma
aprendizagem nova, que amanhã nos ajude a dar um passo maior. Encarar todas
estas mudanças e necessidades de adaptação como um processo dá-nos graus de
liberdade e complementa-nos com uma serenidade confiante nas escolhas e no
caminho que fazemos.
7 –
Aprendi que é possível sermos ainda mais felizes
Nada é constante na vida a não ser a mudança…
cliché?! Talvez… mas a verdade é que sempre existiram mudanças e sempre vão
existir. Quando menos esperamos somos confrontados com situações que não
esperávamos e, em alguns casos, nunca imaginamos… e se há mudanças que
desejamos, que escolhemos fazer… há outras, e sempre haverá, que estão fora da
nossa “capacidade de ação”… elas
surgem e quando percebemos estamos envolvidos… mas mesmo aqui resta-nos sempre
uma escolha, a de escolher como queremos ver as coisas, como deixamos que essas
mudanças nos afetem… e é exatamente neste ponto que aprendi que podemos ser
ainda mais felizes. Podemos escolher ver o lado brilhante da vida. Podemos, em
cada situação, ver os dois lados da moeda e escolher aquele que melhor nos faz
sentir. Ainda não o faço de modo completamente automático (estou em processo de melhoria) mas tem sido o exercício mais
determinante de todo este meu processo de mudança. E como acredito que ações
simples, repetidas diariamente, por longos períodos de tempo dão sempre grandes
resultados… vou continuar! E por isso, também vou continuar a encontrar em cada
dia motivos para agradecer. Valem grandes conquistas tal como valem pequenas
ações, pequenas memórias… Todos os dias há motivos para agradecer e ter
consciência disso faz-me todos os dias mais feliz!
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