27 fevereiro 2015

Ser mais centro


Na companhia desta magnifica gripe dei por mim a pensar na incrível capacidade que o universo tem de manter a sua ordem, no caos da nossa desordem. É incrível observar como o mundo continua a funcionar sem nós. Preocupamo-nos tanto em não parar (porque não podemos, porque temos mil coisas ao nosso cargo, porque é o emprego; porque são os filhos; porque é preciso tratar das roupas e das comidas… porque… porque…) e de repente o corpo faz-se surdo a tantos porquês e decide parar. E tu páras. Aí não, se não páras. E aí, deitado numa cama sem grandes capacidades de mobilidade física e com uma mente perdida em pensamentos percebes que tudo continua a funcionar. Tudo. Ai e tal, mas não é a mesma coisa… não, não é. Mas não pára, continua. E isso mostra-nos a nossa insignificância perante a vida do dia-a-dia. Isto mostra-nos claramente que os nossos “porque” são desculpas, únicas e exclusivamente nossas. Fazemos parte de um todo e é claro que o todo sente a nossa falta, mas nada que não se revolva. E isto levanta a questão, então porque não fazer mais pausas, planeadas, desejadas?! Será que se tu parares o resto pára?! Ou é só uma ilusão?! A vida é tão fugaz que ou temos as nossas prioridades bem claras ou quando dermos conta o tempo esgotou. Se conseguirmos sair de nós mesmos e olhar para a nossa vida (como alguém que observa a vida de outrem) será que os nossos “porque” são assim tão válidos?!
E depois… depois há o outro lado… o lado que me mostra, carinhosa e pacificamente, o quanto privilegiada sou. Sim, privilegiada, por ter pessoas que me amam tão perto de mim e tão dispostas a tudo para minimizar qualquer desconforto que eu possa ter. Ah! Então é por isso que tudo funciona. Sim. É por isso que tudo funciona comigo e iria funcionar contigo também, porque por mais inacreditável que pareça quando estas fora do baralho há alguém que aparece para resolver as coisas. Há sempre alguém.

No meio de tudo isto sinto-me grata. Grata pelas pessoas que estão aqui para me ajudar e grata pela (mais uma vez) tomada de consciência. Somos únicas, somos especiais, temos uma missão mas é preciso dosear, é preciso mais momentos zen, é preciso mais momentos de amor próprio, é preciso sermos mais centro.

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