O
último dia de 2014 trouxe-me uma grande mensagem. Diria uma lição de vida sobre
algo em que acredito vivamente mas que nunca tinha presenciado de forma tão
pessoal e direta.
À cerca
de dois anos a esta parte que o eixo na minha vida se deslocou de tal forma que
coisas que considerava prioritárias deixaram de ser e coisas nas quais nem
sequer reparava passaram a ocupar grande parte da minha vida. Mais do que em
outra altura da minha vida as pessoas que amo, que me são próximas e mesmo
aquelas com quem apenas me cruzo no dia-a-dia ganharam uma nova dimensão na
minha vida e mais do que conquistar coisas, para mim, passou a fazer sentido
conquistar pessoas e coleccionar momentos. Viver por algo maior do que
simplesmente ter. Viver pelo SER e para SER. É então que o último dia de 2014
me desafia a prestar uma última homenagem a um Homem que não sendo da minha
família (chegada) é membro da minha família alargada, daquela que escolhemos como Amigos na vida.
Nestes
momentos sinto-me sempre indignada por esta fragilidade da vida humana que a
determinada altura impõe um fim ao que queríamos permanente. Mesmo (como foi o caso) quando o espaço
temporal foi bem alargado e diria mesmo aproveitado. Sim, foi isso que vi, foi
isso que senti. Naqueles últimos instantes, entre rituais e partilhas sentidas
de quem teve o privilégio de celebrar a vida com aquele Homem, tive a certeza
do quanto Ele viveu! Para mim, o que fica no fim de tudo são sempre as pessoas
e as relações que tivemos com elas… e ali havia muito disso. Na memória fica o
sorriso rasgado, os braços abertos sempre prontos a um abraço tão forte que nos
parecia absorver e fundir num só e uma alegria única e genuína pela amizade, pela partilha, pelo convívio, por umas boas risadas e por um ombro amigo sempre
disponível. Presentes… esposa, filhos, netos, amigos de infância, amigos da
vida. Presentes… aqueles que o tornam imortal, que continuarão a sorrir por Ele
e a alimentar a sua memória com as suas histórias únicas e extraordinárias. Presentes,
em homenagem, uma associação cultural e um clube desportivo que ajudou a
crescer. Presentes, muitas pessoas que marcou com o seu jeito de ser, com a sua
simpatia e com a sua disponibilidade. Enquanto todas as homenagens decorriam,
observando carinhosamente cada gesto, cada partilha, cada sentimento, percebi
claramente que estou certa. Sim, são as relações, aquilo que fazemos pelos
outros e com os outros, o amor e a amizade que sobram, quando tudo se apaga.
Acredito que Ele não tenha idealizado ou mesmo desejado nada do que ali se
viveu, até porque para Ele o que mais importava era a VIDA, VIVER a vida (de preferência rodeado de amigos!). No
entanto, ali respirava-se amor, saudade e gratidão pela sua vida. E assim, ainda
que sem palavras, o S. G. partilhou comigo o segredo da sua vida. Segredou-me
ao coração que independentemente de tudo o que possamos ter e fazer na vida
aquilo que vive para além de nós, aquilo que nos torna imortais é o modo como
SOMOS VIDA! E para isso só precisamos de SER nós mesmos, acreditando que a vida
vale a pena ser vivida sempre de sorriso rasgado e braços abertos!
Um
bem-haja por todas as partilhas e um até sempre no coração.
Sem comentários:
Enviar um comentário