02 janeiro 2015

Celebrar a Vida


O último dia de 2014 trouxe-me uma grande mensagem. Diria uma lição de vida sobre algo em que acredito vivamente mas que nunca tinha presenciado de forma tão pessoal e direta.

À cerca de dois anos a esta parte que o eixo na minha vida se deslocou de tal forma que coisas que considerava prioritárias deixaram de ser e coisas nas quais nem sequer reparava passaram a ocupar grande parte da minha vida. Mais do que em outra altura da minha vida as pessoas que amo, que me são próximas e mesmo aquelas com quem apenas me cruzo no dia-a-dia ganharam uma nova dimensão na minha vida e mais do que conquistar coisas, para mim, passou a fazer sentido conquistar pessoas e coleccionar momentos. Viver por algo maior do que simplesmente ter. Viver pelo SER e para SER. É então que o último dia de 2014 me desafia a prestar uma última homenagem a um Homem que não sendo da minha família (chegada) é membro da minha família alargada, daquela que escolhemos como Amigos na vida.
Nestes momentos sinto-me sempre indignada por esta fragilidade da vida humana que a determinada altura impõe um fim ao que queríamos permanente. Mesmo (como foi o caso) quando o espaço temporal foi bem alargado e diria mesmo aproveitado. Sim, foi isso que vi, foi isso que senti. Naqueles últimos instantes, entre rituais e partilhas sentidas de quem teve o privilégio de celebrar a vida com aquele Homem, tive a certeza do quanto Ele viveu! Para mim, o que fica no fim de tudo são sempre as pessoas e as relações que tivemos com elas… e ali havia muito disso. Na memória fica o sorriso rasgado, os braços abertos sempre prontos a um abraço tão forte que nos parecia absorver e fundir num só e uma alegria única e genuína pela amizade, pela partilha, pelo convívio, por umas boas risadas e por um ombro amigo sempre disponível. Presentes… esposa, filhos, netos, amigos de infância, amigos da vida. Presentes… aqueles que o tornam imortal, que continuarão a sorrir por Ele e a alimentar a sua memória com as suas histórias únicas e extraordinárias. Presentes, em homenagem, uma associação cultural e um clube desportivo que ajudou a crescer. Presentes, muitas pessoas que marcou com o seu jeito de ser, com a sua simpatia e com a sua disponibilidade. Enquanto todas as homenagens decorriam, observando carinhosamente cada gesto, cada partilha, cada sentimento, percebi claramente que estou certa. Sim, são as relações, aquilo que fazemos pelos outros e com os outros, o amor e a amizade que sobram, quando tudo se apaga. Acredito que Ele não tenha idealizado ou mesmo desejado nada do que ali se viveu, até porque para Ele o que mais importava era a VIDA, VIVER a vida (de preferência rodeado de amigos!). No entanto, ali respirava-se amor, saudade e gratidão pela sua vida. E assim, ainda que sem palavras, o S. G. partilhou comigo o segredo da sua vida. Segredou-me ao coração que independentemente de tudo o que possamos ter e fazer na vida aquilo que vive para além de nós, aquilo que nos torna imortais é o modo como SOMOS VIDA! E para isso só precisamos de SER nós mesmos, acreditando que a vida vale a pena ser vivida sempre de sorriso rasgado e braços abertos!

Um bem-haja por todas as partilhas e um até sempre no coração. 

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