Há alturas em que fugir parece ser a melhor
opção. Fugir do que sabemos certo mas que evitamos ver, numa tentativa fugaz de
que tudo desapareça ou simplesmente se resolva. Que num passe de magia a
situação ideal surja e nos abrace com a doçura de uma mãe que nos segreda: “pronto,
já passou…” Mas no fundo todos sabemos que esta não é a hipótese certa. Todos
sabemos que adiar não resolve, não decide, não faz. Todos sabemos que mais dia,
menos dia, ao virar de uma qualquer esquina da vida lá está novamente a
situação. É como brincar às escondidas com nós mesmos e fingir que não sabemos
onde nos escondemos. Até ao momento em que ficamos olhos nos olhos connosco,
numa cumplicidade suspeita e constrangedora. Termina a fuga. Acabam-se as
desculpas. Sente-se o coração bater forte, as pernas tremer… agora... só resta
olhar em frente.
E
num olhar consciente, capaz de desvendar o invisível aos olhos, descobrimos
que, seja qual for o motivo da fuga, a única alternativa que resta é seguir em
frente… sem culpas, sem angústias, sem julgamentos. É preciso olhar o horizonte
e ver para além dessa linha... que ora é fim, ora é princípio.
É preciso dizer
adeus ao que foi e olá ao que chega.
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