Retrospetiva

O mês de Abril chegou ao fim. De repente olho para trás e percebo que neste mesmo mês, há um ano atrás, a minha vida assumia um novo rumo. Abril foi o mês em que virei a página do livro e comecei a escrever um novo capítulo (aqui). Tanta coisa aconteceu deste então e tanta ficou pelo caminho. (Engraçado como tudo me parece a uma distância bem maior que uns meros 365 dias…) aprendi e cresci muito, transformei-me enquanto pessoa e enquanto gestora de tantos papéis sociais! Mas tenho plena consciência de que o papel de Mãe foi o que mais ganhou, mais cresceu, mais prazer, alegria e motivação me deu em cada um destes dias. Foi exatamente quando me tornei mãe que o certo passou a incerto e que os meus sonhos e desejos mais profundos se transformaram numa avalanche de emoções que tive de aprender a descodificar, compreender, aceitar… apenas uma certeza me falava ao coração: “não quero mais esta vida”. E, por Amor, mudei. Arrisquei tudo. Acreditei no invisível e decidi criar o meu próprio caminho (consciente de que esta seria a opção mais complexa, mais trabalhosa, mais morosa, mas também mais desafiante.)

Os passos que dei são pequenos. A distância percorrida muito inferior à ambicionada. Mas as metas atingidas são minhas. Conquistadas, aprendidas, criadas e alcançadas por mim. São Marcos. Marcos de um caminho que me traz uma felicidade imensa, que, humildemente, me enche de orgulho. Marcos de um caminho que todos os dias me desafia mas também me deixa mais forte e mais capaz.

Sinto-me grata pela minha escolha mas ainda mais grata, surpreendida e até encantada com os outros… sim, os outros, aqueles que me têm acompanhado nesta jornada. Alguns que sempre ali estiveram… e continuam, firmes e sólidos como rochas, sempre prontos a ser o meu porto de abrigo! Outros que foram chegando… um a um, em diferentes circunstâncias, com diferentes atitudes, com sorrisos e abraços para repartir, com uma confiança que vai para além do que “é normal”. Aqueles que acreditaram na minha Fé silenciosa! Aqueles que deixaram a porta das oportunidades aberta. Aqueles que foram muitas vezes pano para eu brilhar!

É verdade que também houve aqueles que escolheram seguir outros trilhos… e também está bem! Afinal é esse o desígnio de cada um, mas a aprendizagem ficou. A todos o meu coração agradece, porque foi com todos que cheguei onde estou hoje e é com todos que continuarei o meu caminho.

E depois há o “eu” e este também é muito diferente do que era há um ano atrás… Das coisas que ainda me surpreendem é o riso solto, fácil e sonoro. Sim, por vezes dou por mim a observar o meu próprio riso e a notar nele uma enorme diferença. Outras vezes surpreendo-me com a beleza das coisas que sempre me fizeram companhia e que eu nunca tinha visto. Encanto-me com coisas tão simples que por vezes me rio sozinha e deixo-me ficar numa contemplação simples mas plena de sentido. Até os meus abraços são mais abertos, mais fortes, mais recheados e prolongados do que alguma vez foram. Tenho plena consciência de que sou mais “eu” do que em qualquer outro tempo. Não há o “eu” no trabalho, o “eu” na família, o “eu” com os amigos ou o “eu” comigo mesma… há “EU”, apenas um, que se manifesta da forma mais plena e harmoniosa que consigo neste momento em cada uma das áreas da minha vida! Sei que ainda posso melhorar e que é esse o caminho que vou continuar a percorrer, mas posso afirmar, consciente e alegremente, que sou mais feliz, mais harmoniosa e mais cheia de amor do que era há um ano atrás!

Fazer esta retrospetiva traz-me luz e transparência ao pensamento e às emoções. Reforça as minhas convicções e segreda-me ao ouvido: “continua”. Relembra-me o porque é que escolhi mudar, relembra-me o meu propósito e dá sentido à missão que escolhi abraçar. Faz o meu coração cantar de alegria, não por ter uma vida perfeita, mas pela insignificância de cada uma das suas imperfeições perante o Amor maior que me guia!

Venham mais 365 dias que eu quero continuar a viver cada um deles!