Por aqui a segunda-feira de Páscoa ainda é
dia de festa… e festa rija! Há tios, primos, segundos primos, amigos e
conhecidos por todo o lado. Há fanfarra e grupo musical. Há procissão de
pesados andores decorados de flores de todas as cores, crianças vestidas de “anjinhos”
e adultos que ostentam orgulhosamente as suas vestes e exercem as mais variadas
tarefas e funções para que tudo seja perfeito! Nas ruas os peitoris das janelas
são adornados com colchas coloridas e antigas e os cavalos abrem caminho entre
as gentes que observam nas ruas cortadas ao trânsito. Há “baterias” de foguetes que explodem como se não houvesse amanhã e
musica alta (demasiado alta) que
abafa qualquer tentativa de conversa a média voz, pelo todo a gente fala em
altos berros e solta sonoras gargalhadas. No “ringue” da terra os jogos de futebol começam logo pela manhã, entre
solteiros e casados e prolongam-se durante a tarde com crianças e adolescentes.
Nas casas as mesas continuam fartas, prolongamento da Páscoa e a criançada
delira com a liberdade e alegria destes dias. Observo carinhosamente e percebo
como tudo é tão efémero, são 24 horas… apenas 24 horas… mas também sinto as
emoções e compreendo que é por aqui que tudo vale. Os sorrisos rasgados e os
abraços apertados. Os amigos que o tempo afasta da presença mas que neste dia se
reencontram e se percebe que continuam aqui. Os primos e os tios que seguem a
suas vidas mas que se reencontram para mais um “olá” recheado de pertença. As
corridas das crianças por entre os adultos em conversas descontraídas. Há
apenas lugar para SER e para partilhar. Estou cansada mas feliz. O coração sabe
que isto é do melhor. Isto é celebrar a vida, isto é ser mais do que apenas
mais um, isto é ser pertença de algo maior. Registo o sorriso dela e satisfação
dele e sinto orgulho por fazer parte deste “mundo”.
Não há nada melhor para lhe mostrar o que é o amor, a partilha, a amizade, o
que é FAMÍLIA (seja de sangue ou de
coração) que estes encontros e isso deixa-me imensamente feliz e grata!

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